Por que é importante que a pele do bebê esteja sempre sequinha?


Autora: Ma. Enfa. Rachel Santos Sereno Marques – COREN-RJ:96.770
O maior órgão do corpo humano é a pele. Ela é responsável por diversas funções, sendo a principal delas atuar como barreira, prevenindo a desidratação, a absorção de substâncias prejudiciais e a invasão de microrganismos. A pele do recém-nascido desempenha um papel importante na transição do meio líquido (placenta) para condições aeróbicas extrauterinas e amadurece gradativamente ao longo da infância 1.
A pele consiste principalmente de três camadas: o estrato córneo, a epiderme e a derme. A camada superior, o estrato córneo, é a principal responsável pela função de barreira e, em bebês de até 24 meses, é cerca de 30 % mais fina do que em adultos, tornando a pele infantil mais vulnerável à penetração de irritantes, alérgenos e infecções. Durante os primeiros meses de vida, os cuidados com a pele são essenciais para manter a integridade da barreira cutânea e garantir o seu desenvolvimento saudável 1.
Banho
No banho do bebê devem ser aplicados produtos de limpeza suaves destinados à pele do bebê que não modifiquem significativamente o pH fisiológico da pele. Imediatamente após o banho a pele deve ser cuidadosamente seca com uma toalha macia e limpa. É importante secar cada dobra do bebê deixando-o bem seco para evitar possíveis irritações e assaduras 1-3.
Sabonete
O uso de sabonetes adequados permite manter as características de barreira cutânea, deixando a pele do bebê mais saudável. Os sabonetes em barra, tradicionais para adultos, possuem pH alcalino, o que modifica a camada lipídica da pele aumentando o pH, ocasionando ressecamento e irritação se usados em bebês 1-3.
É importante utilizar sabonetes que não alterem o equilíbrio do pH da pele (entre 4,2 e 5,6), assim a sujeira é removida e o microbioma residente na pele é mantido. Um produto de limpeza adequado para recém-nascidos tem um pH de cerca de 5,5 1.
Hidratantes
Quando a pele do bebê estiver muito ressecada, pode-se usar hidratantes, mesmo no período neonatal, preferencialmente após o banho, diariamente ou pelo menos três vezes por semana. Deve-se ter cuidado na aplicação, pois o acúmulo de produto nas dobras pode dificultar a transpiração e levar à colonização bacteriana. No caso da acne neonatal, a aplicação de emolientes na área afetada é contraindicada, a fim de evitar a oclusão folicular e, consequentemente, o agravamento dessa condição 1-4.
Cordão umbilical
O cordão umbilical deve estar sempre limpo e seco para não se tornar uma porta de entrada para infecções, uma vez que após o nascimento o coto desvitalizado é um substrato ideal para o crescimento bacteriano, além do acesso direto à corrente sanguínea do recém-nascido 1.
O uso de antisséptico como clorexidina ou álcool 70 % não é necessário no manejo do cordão umbilical de rotina, porém deve-se seguir as orientações do pediatra, que analisará as condições da região, uma vez que infecções pós-parto continuam sendo a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal em todo o mundo 1.
Medidas adicionais de prevenção de infecção e orientações obrigatórias para mães nas maternidades 1:
- Boa higiene das mãos do cuidador antes de manusear o bebê.
- Trocas frequentes de fraldas.
- Manter a fralda dobrada sob o coto para expô-la ao ar.
Troca de fralda
A assadura é uma condição inflamatória aguda caracterizada por eritema, pápulas e pústulas na área coberta pelas fraldas, ocasionando desconforto aos bebês e ansiedade aos cuidadores. A área da fralda deve estar sempre com a pele seca, pois o ambiente oclusivo favorece a interação de agentes potencialmente nocivos à pele1,2. São condições que prejudicam a integridade da pele causando feridas:
- Hidratação excessiva.
- Fricção.
- Exposição frequente e prolongada à urina e fezes.
Uma limpeza suave da área sob a fralda com água e algodão geralmente é suficiente e na presença de fezes o sabonete líquido para bebês promove a higiene adequada. Lenços umedecidos podem ser uma solução alternativa, desde que não contenham substâncias potencialmente irritantes, como álcool, fragrâncias, óleos essenciais, sabão e agentes de limpeza agressivos (por exemplo, lauril sulfato de sódio). Eles também devem conter conservantes bem tolerados 2,4.
Referências
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Atualização sobre os Cuidados com a Pele do Recém-Nascido – Documento científico. Departamentos Científicos de Dermatologia e Neonatologia. Rio de Janeiro: SBP; 2021.
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22978c-DocCient-Atualiz_sobre_Cuidados_Pele_do_RN.pdf
2. Sociedade Brasileira de Pediatria. Dermatite da área das fraldas – Diagnóstico diferencial. Departamento de Dermatologia. Rio de Janeiro: SBP; 2016.
3. Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso de cuidado com a pele do recém-nascido. Departamento de Dermatologia. Rio de Janeiro: SBP; 2015.
4. SIQUEIRA, Tatiana; MEJIA, Dayana Priscila Maia. A importância da utilização dos dermocosméticos na pele infantil.