Introdução Alimentar


É consenso que o aleitamento materno é a base da alimentação e deve ser oferecido de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida e continuado pelo menos até o segundo ano, associado à introdução de alimentos sólidos a partir do 6º mês de vida.
Na impossibilidade do aleitamento natural no primeiro ano de vida, há indicação de uso de fórmulas lácteas infantis, não sendo considerada adequada a introdução de leite de vaca não modificado (integral), nesta faixa etária.
Embora haja algumas recomendações para o início da alimentação complementar entre os 4 e 6 meses de idade, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que esta introdução seja feita preferencialmente aos 6 meses, quando o desenvolvimento neuropsicomotor, os sistemas digestivo e renal estarão plenamente prontos para receber os alimentos.
No caso do bebê prematuro as orientações são mais rigorosas, o início da alimentação complementar dependerá muito mais da maturidade neurológica da criança do que da idade, razão pela qual se utiliza a idade corrigida como parâmetro de decisão, não a idade cronológica da criança.
Vamos entender essa história de idade cronológica e idade corrigida: se o seu bebê é prematuro, ele terá dois aniversários. O dia do nascimento é o oficial, quando você fará a festinha de aniversário (idade cronológica), mas a data na qual ele deveria ter nascido é o que importa na hora de acompanhar seu desenvolvimento (idade corrigida).
Uma gestação a termo tem 40 semanas, entretanto, se o seu bebê nasceu prematuro com 32 semanas, ele terá uma diferença negativa de 8 semanas em termos de maturidade, então, quando fizer o aniversário de idade cronológica de 3 meses (=12 semanas) na verdade ele terá 12 – 8 semanas, ou seja, 4 semanas ou 1 mês de idade (idade corrigida).
Numa situação de neurodesenvolvimento normal, entre 3 e 4 meses de idade corrigida, a criança nascida prematura é capaz de fazer rolar para 2/3 posterior da língua os alimentos semissólidos colocados no 1/3 anterior da língua. Já o reflexo de mastigação estará presente somente entre 5 e 6 meses; nesta fase a criança é capaz de controlar o reflexo de abrir a boca para dar entrada à colher e girar a cabeça para os lados. Portanto, geralmente inicia-se alimentação complementar entre 4 e 6 meses de idade corrigida e quando a criança adquire pelo menos 5 kg de peso.
A alimentação complementar é iniciada aos 6 meses de idade corrigida nas crianças em aleitamento materno exclusivo, já o prematuro que recebe apenas aleitamento artificial (fórmula infantil) poderá iniciar com alimentação complementar mais cedo, com 3 meses de idade corrigida, se apresentar o neurodesenvolvimento normal.
Na pediatria moderna não se dá mais suco de frutas para os lactentes, por quê?
Quando se faz um suco, extrai-se a água e o açúcar da fruta (frutose) e oferece ao bebê; as sobras que são fibras ricas em vitaminas e minerais joga-se no lixo!
Hoje introduzimos a fruta aos 6 meses raspadinha ou amassadinha, logo após oferecer água, lá no trato digestório ocorrerá a formação do suco. Uma fruta de cada vez, e se, “não gostar”, deverá ser reapresentada no mínimo mais 15 vezes em outros dias aleatórios.
Uma semana após introduzir a fruta iniciamos com a primeira papinha, chamada de papa principal. Será oferecida na hora do almoço e deverá ser preparada em uma panela nova de teflon, preferencialmente, devendo conter cereais ou tubérculos, leguminosas, proteína animal, hortaliças (verduras e legumes) e óleo. Devem ser temperados com salsa, cebolinha, alecrim, manjericão, entre outras ervas aromáticas, sem adição de sal.
Papinha de bebê não tem sal, mas tem que ter cheiro de comida! Este é o motivo das ervas aromáticas.
O jantar ou segunda papa entra 30 dias após. Dependendo da dinâmica familiar esta ordem poderá ser alterada: 1º o jantar e depois o almoço.
A consistência inicial é de papa (tipo purê), bem amassadinha, mas gradualmente, segundo o desenvolvimento e aceitação, vai se ajustando.
A tabela 1 mostra exemplos de alimentos para serem utilizados na papinha.
Dicas do Pediatra
- A carne de 2ª tem maior teor de ferro que a carne de 1ª. Não compre carne moída (o caldo com ferro ficará na máquina do açougue), use a carne em pedacinhos bem pequenos para cozinhar até ficar molinha, pronta para desfiar.
- Use de modo variado óleo de soja, girassol, canola e azeite de oliva, isso fará variar as apresentações dos diferentes ômegas dos óleos.
- Não use sal e não use açúcar no 1º ano de vida.
- As leguminosas obrigatoriamente têm que ficar de molho de um dia para o outro de 12 a 24 horas, com trocas de água, para retirar os fitatos das leguminosas que prejudicam a absorção do ferro e zinco, importantes para os bebês, principalmente os prematuros.
- O ovo (clara e gema) deve ser introduzido nas primeiras papas, não adiar, porque ao redor dos seis meses de vida a criança passa por uma janela de tolerância imunológica, que fará com que não se desenvolva alergia.
- O mesmo, dito acima, vale para os peixes dando preferência para os filés de peixe sem espinhas (file de pescada branca, filé de tilápia, por exemplo)
- As refeições em família criarão um bom hábito alimentar familiar, destacando que na hora da refeição a televisão, celular, tablete, computador e demais mídias deverão estar desligados, o foco deve ser na comida: visão, odor, paladar e tato, sim pode deixar a criança pegar o alimento com a mão, é importante esse contato tátil com o alimento. Comer deve ser um prazer!
Alimentação também é um ato de amor para com seu pequeno tesouro.